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Oficina Pública de Perguntas

A Oficina Pública de Perguntas é um projeto artístico e curatorial, concebido e organizado pelo Grupo de Estudos em Processos Curatoriais (coordenado por Kamilla Nunes e Mônica Hoff de 2016 a 2017), em Florianópolis, com o objetivo de fomentar a reflexão sobre questões relacionadas à cidade, à apropriação do espaço público, gênero e outros temas sociais, éticos e políticos relevantes e urgentes no contexto atual. Por isso a Oficina Pública é uma resposta crítica, que instaura em lugares públicos outros modos de existência, resistência, hospitalidade e afeto. Ao proporcionar, por meio de uma plataforma discursiva, possibilidades de encontro, o projeto convida as pessoas a formularem perguntas por escrito e as disponibilizarem para o coletivo.  

A Oficina Pública de Perguntas consiste em uma ação experimental desenvolvida e realizada a partir da criação de metodologias construídas coletivamente que visam compreender, analisar e expandir as relações entre arte, curadoria e autogestão no contexto artístico contemporâneo. A cada vez que é realizada, é feito um mapeamento e identificação de espaços públicos de acolhimento, conformando assim um espaço experimental, organizado conceitual e formalmente a partir de diferentes poéticas, pedagogias e perspectivas.

A 1ª edição da Oficina Pública de Perguntas aconteceu na Praça Bento Silvério, na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, no dia 18 de dezembro de 2016. Reuniu pessoas de todas as idades que, juntas, elaboraram cerca de 190 perguntas à cidade, ao país, aos seus gestores e moradores. A 2ª edição aconteceu nas proximidades do Open Shopping em Jurerê Internacional, em 18 janeiro de 2017. Cerca de 90 perguntas foram elaboradas pelos participantes. No dia 8 de março foi realizada a 3ª edição durante a greve internacional 8M (Marcha das Mulheres), no centro de Florianópolis. Nesta ocasião, as perguntas elaboradas foram incorporadas à marcha. A 4ª edição ocorreu no dia 27 de abril de 2017 em frente ao Centro Integrado de Cultura (CIC) em Florianópolis, para contribuir com a discussão em pauta no evento "MASC em Debate", sobre o papel do Museu no cenário contemporâneo local. 

A Oficina Pública de Perguntas possui uma localização temporária mas real no tempo, e uma localização temporária mas real no espaço. Com formato aberto, ela contempla diversos contextos e público-alvo a partir de uma infra-estrutura mínima, composta por um dispositivo de comunicação, folhas coloridas, canetas, tintas, cangas, cadeiras e esteiras. As folhas são espalhadas pelo chão, às vezes fixadas em paredes, demarcando desta maneira o território da Oficina, que dura aproximadamente três horas em cada local. 

Um aspecto que consideramos importante sobre a Oficina Pública de Perguntas é que ela se constituiu como o resultado de um exercício coletivo, que articulou diferentes interesses, expectativas e desejos dos participantes de um grupo de estudos em práticas curatoriais, atuantes nas áreas de arquitetura, jornalismo, mídia social, saúde, urbanismo, comunicação, educação, performance, artes visuais, literatura e dança. Outra característica que nos interessa é que ela produz a instauração de um território constituído por encontros e questionamentos, que expandem a ideia de interação e que, mais do que troca, pressupõe a produção de reciprocidade, gerando uma torção nas posições de artista e público. 

Foi a partir das quatro oficinas realizadas em 2016/17 em Florianópolis que este grupo de estudos composto por onze integrantes de diversas áreas do conhecimento diagnosticou a necessidade de ampliar as discussões que surgiram a partir das oficinas para outros contextos. Por isso, propomos para este edital uma circulação estadual que compreenderá algumas cidades catarinenses que possuem distintos circuitos culturais e artísticos. O que interessa a este grupo é a escuta de questões advindas (por meio de perguntas) do contexto social, econômico e cultural de cada região.  

Por acontecer em espaços públicos de intensa circulação, esta Oficina interage com diferentes grupos sociais e possui uma infraestrutura precária, despretensiosa e gratuita, que a torna acessível aos transeuntes. Há um engajamento espontâneo na medida em que ela é conformada conceitualmente enquanto esfera pública, no sentido de que é o próprio lugar onde os indivíduos podem realizar um debate crítico. E é por conta dessa característica que propomos a invenção de lugares de encontro e debate – encontrar para debater / debater para encontrar. 

Por acontecer em diferentes regiões e ser uma oficina temporária e nômade, faz-se necessário um registro das perguntas que surgem a partir delas, de forma a permitir a visualização e problematização das questões mais urgentes e do projeto na sua íntegra. Será criada, portanto, uma plataforma on-line (site) contendo uma seleção de perguntas de cada uma das cidades, a fim de criar um canal de comunicação e divulgação das ações. A publicação impressa será a última etapa deste projeto e conterá uma seleção de perguntas dos participantes e textos críticos elaborados pelos integrantes do grupo. Sendo parte de um processo curatorial, ela não possui um formato (físico e editorial) definido a priori, pois é importante que esses formatos sejam decorrentes das experiências desenvolvidas durante as ações. Deste modo, ela é o desdobramento de um espaço físico para um espaço editorial, abarcando outros públicos, contextos e experiências possíveis. Por fim, a Oficina Pública de Perguntas se funda na emergência de práticas artísticas voltadas à criação de espaços, plataformas e escolas experimentais que possibilitam um diálogo mais crítico entre arte e educação no contexto da arte. 

Participantes

Cheyenne Luge Oliveira

Fabiola Cirimbelli Búrigo Costa

Guilherme Zorato

Jaqueline Silva

Kamilla Nunes

Marco D.Julio

Marcelo Fialho

Marília de Borba

Mônica Hoff

Sandra Meyer

Simone Bobsin

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